terça-feira, 25 de junho de 2013

Fim do Mundo Bar & Lanches

Os dois amigos, estavam do outro lado da cidade e procuravam um bar que tivesse cerveja em garrafa, quando deram de cara com uma verdadeira e curiosa taverna com o inacreditável e hilário nome de "Fim do Mundo". O lugar estava quase que repleto de mulheres, daquelas que saem aos bandos pra beber, caçar e falar mal das outras concorrentes do sexo feminino.

Após várias garrafas e uma série de canecas de vinho, estavam os dois acompanhados de duas eufóricas guerreiras noturnas que assistiam e ouviam às gargalhadas o sério embate etílico motivado pelo estranho nome da casa:
- Em primeiro lugar, eu não acredito que o homem é o causador do aquecimento global e o desequilíbrio da natureza, é tudo mentira pra acobertar algo muito pior do que qualquer um possa imaginar.
- Mas como assim? O que pode ser pior?-É o seguinte...o planeta tá esquentando mesmo, mas não pela emissão de gases nem o desmatamento...é claro que isso tudo influencia no processo, mas essa não é a questão principal, não é a realidade.-Bom, desde que eu te conheço que você sempre viveu a sua própria realidade, mas qual é a real então?-Cara, a Terra tá esquentando, as estações estão confusas, mas os invernos também estão mais rigorosos, assim como os verões e tanto a primavera quanto o outono já não apresentam mais o clima ameno, neutro de antes, temos praticamente as quatro estações acontecendo nessas duas últimas.
Tudo isso porque a Terra está mudando, passando de um ciclo natural para outro, isso explica esses terremotos cada vez mais fortes, vulcões explodindo, tsunamis e até ciclones no Brasil...
-Sei, sei, mas o que está provocando isso, essa mudança? Não somos nós a humanidade, os causadores do desequilíbrio pelo desmatamento sistemático? O excesso de pessoas, a explosão demográfica, as necessidades decorrentes da falta de espaço? Porra nenhuma! O que não falta é espaço nessa merda, o lance é que todos nós...a maioria que habita as metrópoles, não quer viver no campo, todos os centros urbanos estão inchados...você moraria na Mongólia? Na Terra do Fogo? Na Islândia? Em algum país da África? Na fronteira do Amazonas com o Acre?
Eu não viveria no interior da Austrália! Mas vivemos nossas excentricidades na aldeia global, caminhando por esquinas e ruas, por auto-estradas, tv a cabo...consumo. As cidades inchadas concentram e oferecem todas as possibilidades.
É só nisso que acreditamos, estamos habituados, viciados mesmo e nada mais interessa.- Entendi. É verdade, mas desviamos do assunto, afinal, o que está acontecendo com a porra do planeta?-O problema é que a Terra está passando por um processo de transformação, é tudo simples, natural como nascer, crescer, envelhecer e morrer. As alterações estão na porta e não podemos fazer nada e a forma de amenizar isso é responsabilizar a nossa civilização, pois se todo mundo souber que o habitat está mudando à nossa revelia será o pânico geral, a desgraça, ninguém mais vai trabalhar, as pessoas largariam tudo e perderiam o rumo, seria como saber a data e as condições da própria morte, culpar a própria ciência é uma maneira digamos, sábia, de prosseguir com a nossa marcha rumo ao desconhecido, ao que dizem ser a evolução. - Tá, é uma estória bem interessante, tipo ficção científica, filme catástrofe, mas com que base você afirma isso? É coisa da ciência ou do ocultismo? Aonde você leu isso? É mais uma teoria conspiratória?- Cara, essas teorias da conspiração não são nada mais do que verdades distorcidas pela nossa ótica insana, é tudo simples assim, o que é verdade pode ser mentira e o que é mentira pode ser verdade, na maioria das vezes a verdade é a versão que prevaleceu sobre as outras, mas a versão sobrevivente germinou da realidade, nisso eu acredito.-Então essa estória, esse papo aí, também não passa de uma versão da sua cabeça, sua contribuição para o panteão das lendas urbanas e teorias da conspiração.- Não, nada disso, lendas urbanas são fatos menores de caráter individual e as conspiratórias abrangem a realidade como um todo, mas o que caracteriza os dois aspectos é a origem sempre real...- A origem é real? Pára com isso! Larga as drogas! Essas estórias fantásticas compõem o nosso imaginário desde que o mundo é mundo, pelo boca a boca das gerações, através da literatura barata, a bíblia mesmo não passa de um livro de mitos e lendas, papo de filme b, é sempre aquela estorinha que a vovó ou a babá contava, mas depois da internet a coisa explodiu, circula mais rápido e atinge muito mais gente, uns continuam a ignorar e outros a acreditar com fervor e você sem dúvida é um desses fervorosos. Você não tem base nenhuma e mesmo assim acredita.- Cara, eu não preciso de base nenhuma, eu apenas sinto que essa é a verdade, não preciso provar nada, até porque eu não saio espalhando por ai pra não pegar fama de maluco, você é meu amigo, sabe como eu sou, é aquela coisa, acredita quem quiser. Elas aqui não acreditam. Mas pensa agora comigo, se a Terra está aquecendo, as calotas polares vindo abaixo e a situação é grave de extrema urgência, qual é a razão de alertarem tanto na tv sobre a importância de tomarmos medidas preventivas para o futuro, anunciarem sobre os riscos da emissão de gases poluentes para em seguida passar um anúncio de automóvel? São milhares de propagandas de carros e motos, o trânsito tá um inferno e vai aumentar ainda mais, o ar vai continuar poluído, mas a razão é simples, não somos nós que estamos interferindo na atmosfera e no clima mundial, querem que acreditem que somos nós os culpados de tudo, é apelativo e fácil, o homem já acreditou que a Terra além de achatada era o centro do universo e agora acredita que essa mísera e viscosa colônia de fungos e parasitas egocêntricos e megalomaníacos chamada civilização pode afetar toda a natureza. Isso é balela! mentira! Já viu as imagens dos continentes captadas na órbita da Terra? A gente não interfere nesse espaço todo, não somos nada. Temos tanta importância quanto as baleias, as aves ou os cupins. Fazemos parte de uma cadeia alimentar e fugimos desesperadamente dessa condição, mas inevitavelmente seremos carne aos vermes, aos microorganismos. É tudo tudo ilusão, a natureza é maior e mais forte do que nós e querem que acreditemos o contrário. Mas na real eu não estou nem aí para o que pode acontecer! Por mim o mundo pode acabar agora, que eu não dou a mínima!-Ok, Ok, imagina se você se importasse então...Você me convenceu. O bar tá fechando.Vamos logo pedir a conta, olha elas aqui, já desabaram, esse papo de fim do mundo, cerveja e vinho acaba com qualquer um. Vamos levar elas pra tomar um ar poluído lá fora.- E fazer um boca-a-boca nelas.-É isso aí, monóxido de carbono e vapores alcoólicos...he,he,he...-Essa taverna é demais, vou virar sócio, não saio mais daqui, é o lugar perfeito para se acabar antes do mundo acabar.- É, vou virar freqüentador também. Mesmo que o bar fique aqui, tão longe nesse fim de mundo.
Mercurious Duplex
O mercúrio é um metal líquido e volúvel conhecido pelo homem desde a antiguidade.
Além de ser o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio na mitologia romana é o deus encarregado de levar e trazer as mensagens de seu pai Júpiter. Sua indumentária e utensílios incluem uma bolsa, sandálias, um capacete com asas, e o caduceu. Dotado de enorme eloqüência, protetor do comércio, dos viajantes e dos ladrões. Tais atributos reportam sem dúvida à expressão livre da inteligência, a escala relativa no que cerne as diferenças entre um princípio e o seu contrário, o bem e o mal, o yin e o yang, a luz e a escuridão. Corresponde a Hermes na Grécia, deus condutor dos rebanhos, dos viajantes e comerciantes. Muito rápido e comunicativo, é o arquétipo dos mensageiros.
Posteriormente devido aos aspectos fluídicos e múltiplos deste metal, bem como a sua personificação mitológica, os alquimistas uniram estes conceitos heterogêneos e definiram a substância como o "espírito de Mercúrio", e chamaram-no muito adequadamente de "Mercurius Duplex" (O mercúrio de duas caras, dual). Durante a santa inquisição da Igreja Católica, "Mercurius Duplex" foi propositadamente associado a figura do diabo e considerado "inimigo da ordem vigente", " inimigo de Deus".

segunda-feira, 9 de março de 2009

Só o Orgulho Constrói

Dia de chuva forte. Os dois- ela e ele - se encontram na rua por acaso em pleno temporal. Deram de cara um com o outro de repente, na maior surpresa.“Oi !! Nossa!! Quanto tempo que a gente não se vê! Como você está? Como vão as coisas?” Ela perguntou. “Estou ótimo e você também parece ótima...bonita, mais bonita do que nunca, bonita de verdade como sempre. A gente não muda não é? Parece que o tempo não passa. É incrível isso que a gente tem em comum, é algo tão especial que se eu soubesse a fórmula eu já teria engarrafado e vendido, ficaríamos ricos. Quando foi a última vez que nos falamos? Eu mesmo não sei ao certo, houveram momentos em que vivi cinco anos em apenas um e também, em contrapartida, já vivenciei o equivalente a um ano em cinco...então, não sei quanto a você, mas para mim o que realmente importa é que tudo passou, nem sei como, mas passou...” “ Passou? Mas passou mesmo?” Ela perguntou. "É passou sim, passou tudo, a puxada do tapete, a perplexidade, a dor, a tristeza e a frustração, a raiva e finalmente o amor também passou. Você desferiu o derradeiro golpe mortal no que ainda restava da minha inocência e desde então eu sei que não se ganha nada sendo compreensivo. O fundamental nessa dura realidade é ser cada vez mais e mais cuidadoso e combativo. Na verdade, naquela época, eu estava ferido de guerra. Eu era um ferido de guerra que estava se recuperando fora do campo de batalha e que ansiava por uma volta à carga, mas que por um lapso meu, um erro fatal, aos seus olhos eu parecia um covarde. Isso gerou essa enorme descompensação mútua com sabor de sortilégio, um desfeitiço de amor jogado ao mar em uma melancólica e insignificante passagem de um ano novo qualquer. Durante esse tempo, procurei raspar do fundo da alma o que restava de auto-estima e só encontrei aquele falso orgulho, algo não renovado,um pesar, arrogância. E sei lá... é por isso que eu não sorrio muito...Toda a minha sisudez é uma maneira de sufocar essa maldita pureza e simplicidade que mesmo com tantas quedas e desilusões ainda insiste em subjugar a minha dignidade. Mas não se engane, aliás você me conhece e sabe muito bem que por dentro eu rio muito, as vezes até gargalho sem parar. Eu sei que fiz o possível com o que tinha nas mãos e mesmo, mesmo assim, é maravilhoso, apesar de óbvio, saber que só o orgulho, só o orgulho constrói de verdade. Agora, você não acha que isso é coisa do outro mundo? Com tantas e tantas ruas e passagens, a gente se encontrar logo aqui, na hora mais improvável em plena chuva? Tem vezes que a gente finalmente só encontra aquilo, alguém e até mesmo a felicidade quando finalmente desencana de pensar e procurar...”

segunda-feira, 2 de março de 2009

Super Bárbaros Trovadores & Profetas

É o nome do meu blog de poesia, versos e reversos...

http://superbarbarostrovadoresprofetas.blogspot.com/

Rat Race
um pequeno click para um mouse mas um grande salto na corrida dos ratos...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Lavou Tá Novo

Lavou tá novo e lá vamos nós de novo...
Terceiro milênio do calendário cristão, oito (mil) anos de guerra e tensões no oriente-médio, bombas, bombas e mais bombas no berço da civilização. E por aqui na aldeia, permeia o velho populismo de direita amalgamado com ideologias de uma histórica retórica de esquerda no país de todos. Uma queda brusca na pressão sangüinea do grande ciclope financeiro sinaliza uma nova recessão econômica no horizonte, tédio e monotonia, um imenso abismo existencial entre aqueles que procuram por algo significativo e os que estão aqui no mundo Casa & Vídeo- mouse-joystick a passeio. Mundo esse em que, cabeças de heróis e anti-heróis estão expostas em praça pública. O que fazer quando há mais de dez anos, a imagem de Che Guevara disputa visibilidade no cenário com a Coca Cola?
Minha idéia de cultivar uma existência repleta, sagaz de aventuras e conquistas passa pela convicção com que o cantor Raul Seixas aplicou em sua breve e intensa passagem pela vida. Estou longe de ser um desses fãs típicos do cowboy fora da lei da sociedade alternativa que só sabem gritar “toca Raul”, “toca Raul” em casamentos, batizados ou velórios. O que acontece é que quando ouço ou reflito sobre suas idéias sinto-me o protagonista de algo definitivamente fora do normal, capaz de ultrapassar os limites do dia a dia para além da mediocridade e da rotina, efeito prolongado do quebra-quebra conceitual que o cara promoveu há mais de trinta anos atrás e que até hoje reverbera a ponto de tornar-se um culto e só se compara ao levante revolucionário dos punks paulistas no início da década de oitenta. De lá pra cá todos nós perdemos a inocência, a realidade lixou todo o verniz das ilusões e ofuscou qualquer vislumbre pretensamente visionário com essa sobrecarga de imagens, sons e informações que visa a estagnação. Mas então o que fazer com essa faísca insistente? Não quero perder o bonde da história, nem ficar a ver navios deixando a existência escoar ralo abaixo. Consumidores eleitores andróides masculinos e femininos, obedecem programadamente ao pé da letra tudo o que captam na TV e saem à cata de lixo profuso e prolixo. Paranóicos anormais, psicopatas débeis mentais se rendem e caem sem pára-quedas nos braços da mais furiosa e amaldiçoada fama, não sem antes deflagrarem seu ímpeto anti-social impulsionado pelos implacáveis e espetaculares noticiários da crônica policial. A massa excluída de mortos-vivos segue sedenta de sangue e miolos que não aplacam a fome e o infortúnio de não reconhecerem a si próprios e nem a sua lamentável condição de vida.
Há muita brasa e carvão ainda para queimar nessa imensa churrasqueira sul americana chamada Brasil. O estoque de geladas está longe de chegar ao fim. O carnaval da recessão será como sempre, antropofágico e por fim autofágico, em uma terra de cegos, aonde quem tem um olho é rei com direito a cetro mágico. No presente, sempre haverá muito o que aprender com Raul Seixas, seguido de Júlio Barroso, Jorge Mautner, Mano Brown, Glauber Rocha, Chico Science, Luis Carlos Maciel, José Agrippino de Paula, Darcy Ribeiro, Zé do Caixão e tantos e tantos outros que valem uma jornada de descoberta única, pessoal e intransferível. Pessoas que projetam o seu modo de pensar para a realidade, que idealizam e praticam revoluções e evoluções diárias sem prazo de vencimento, não importa o que digam, o passado não está morto, apenas passou, lavou tá novo e lá vamos nós de novo.

domingo, 13 de julho de 2008

Os Inevitáveis Ritos de Passagem

Como já disse outras vezes por aqui, o heavy metal e o punk rock estão imersos nos diversos e adversos reflexos da minha linguagem pessoal, desde que eu me conheço por adolescente ente presente since 1983. Falo de um momento há exatamente vinte e cinco anos atrás, época em que covardemente cercado pela Blitz, Ritchie, Rádio Taxi, Lobão e Os Ronaldos, fui salvo a tempo pelos reforços dos emblemáticos, heróicos e famigerados Black Sabbath, Motorhead, Iron Maiden, Sex Pistols, Cólera, Olho Seco, Plebe Rude e Coquetel Molotov. Na época, era inacreditável para mim, que existisse algo assim, tão próprio de atitude, expressão e voracidade, somando exatamente tudo o que eu precisava ouvir, porvir e advir. Mas voltando ao início da forma, pois ao fim não se retorna, que diabo de linguagem é essa? Linguagem do Diabo? Extratos da altivez industrial misturada com um espectro de melancolia medieval? Talvez, apelar para o Lorde das Trevas seja o grande refúgio da imaturidade. Dizem que o metal é o jardim de infância do rock, cheio de headbangers que na primeira porrada séria já saem gritando, paiêêê!! Manhêêê!! Enquanto que os punks, mais adiantados entre o ensino médio e o campus da faculdade, na época botavam os cabeludos pra correr. Porém, acrescento com desdém, que esses aspectos são apenas estereótipos despóticos, sintéticos não-herméticos, esqueléticos conceitos de quem não está objetivamente familiarizado ou foi robotizado em seus rituais de passagem. A real é que os inevitáveis ritos de passagem representam mudanças na linguagem e se a minha linguagem pessoal é essa, então eu estou legitimamente ligado ao meu pregresso ritual de passagem e retornarei a este portal pelo resto da vida sempre que quiser. Coloco todas essas referências do passado mas não vejo lógica em cultuar uma eterna juventude em oposição à síndrome do envelhecimento progressivo, o tradicional aja de acordo com a sua idade. Acho válido agir de acordo consigo próprio, sem a ostensiva e compulsória influência dos obscurantistas do dia a dia, da nossa realidade, o que de fato, não é nem um pouco fácil. É como disse o Paulo Leminski: "Ser poeta aos dezessete anos é fácil, eu quero ver o cara ser poeta aos vinte e dois, aos trinta, aos quarenta, cinquenta, sessenta anos". Genial ainda é o conselho de Nelson Rodrigues: "Conselho aos jovens? Envelheçam". Há também os ditos populares: Cresca e apareça, pedra que rola não cria limo. Imagine então os Rolling Stones limados da condição de majestades do rock se Elvis o Rei do Crack estivesse ainda de pé. Se Elvis chegasse vivo aos anos 90 sem dúvida ele se tornaria o Rei do Crack. A verdade é que já dispomos de uma vasta memória de clássicos do século vinte, e agora, oito anos após o início do século vinte e um, com a queda das torres, vimos que a tragédia coletiva em tempo real será um legado mais que referente para a memória da próximas gerações. Voltando ao foco inicial do assunto, a linguagem pessoal de cada um e a expressão desta para o mundo é o que difere cada um de nós, mas a fala que iguala é a economia, não há escapatória, a economia tomou o lugar da política, da cultura e de todos os conceitos. A tão falada democracia dos dias atuais iguala a todos pelo potencial econômico. Finanças, números, matemática do universo, números apenas números, impessoais como a própria natureza . Se no passado Nietzsche disse que deus está morto agora é o humanismo que está morto, no mínimo fora de estação e as gerações tem a memória fraca. Mesmo assim não vejo motivo para tristeza, afinal a felicidade e a alegria podem ser programadas, não passam de reações químicas. Os componentes certos de qualquer fórmula são os caminhos de outrora. Como em Matrix, a realidade social que o homem criou é ilusória e escravizante e não soluciona o grande enigma da natureza com seus relativos e específicos graus de grandeza. Talvez porque a mente humana totalize demais as coisas é que seja impossível compreender tamanha vastidão. Então é provavel que não haja nada para ser revelado.


quinta-feira, 17 de abril de 2008

CANÇÕES IMORTAIS & FANTASMAS ILUSTRES

Uma canção imortal é aquela que faz sentido em qualquer época, sobrevive ao tempo dos códigos de barra, sem distinção de faixa etária. Um fantasma ilustre é aquele que nos assombra com o sopro de uma melodia que não morre e está mais presente agora do que antes de sua passagem.
Minha cabeça é uma sinfonia amazônica que acaba em textos acelerados de três acordes. Tudo isso para falar da relação das idéias com as gerações passadas junto às novas que prosseguem, a pronta ação do tempo externo do relógio e o tempo interno de cada um, respectivamente Kronos e Kairos, os deuses do tempo na mitologia grega e que correspondem à Saturno na civilização romana. O que está acontecendo com a informação e a cultura? A mídia oficial só propaga artistas e personalidades para vender seus produtos com a urgência e a voracidade características do citado deus Kronos, tempo é dinheiro, então, por onde anda o Kairos? Esta figura excêntrica que rege o tempo subjetivo de cada um, está a circular na internet, no boca a boca, nas publicações alternativas, nas brechas ainda disponíveis em campo e nas cabeças mais vulcânicas de nossa geografia. Saturno é o tempo implacável que devora suas crias com base na invariável ética de um ecossistema, mundo animal este, que comporta um elenco próprio de predadores e presas. Saturno aqui, sugere a própria personificação de um sistema sofisticado e perverso. É a marginalização dos povos em seu processo histórico, a opressão, a alienação e a ignorância, a inquisição da igreja católica e o advento do nazismo, é o bom e velho apocalipse em pessoa, o fim do mundo, temido, retratado, zombado e cantado em prosa e verso, mas...o que o fim da civilização tem a ver com as tais canções imortais? Tem tudo a ver, o mito da extinção é uma eterna canção. Na alquimia, Saturno é o chumbo, metal pesado cujo grau de toxicidade contribuiu para a decadência do Império Romano, pois diversos utensílios domésticos utilizados na época eram feitos de chumbo, o que causou um envenenamento gradual e a esterilização total dos homens, que bebiam sem parar os vinhos produzidos e armazenados em tonéis cujo material incluia o chumbo. Qualquer relação mesmo que ilustrativa com o chumbo das balas perdidas que protagonizam hoje o temor coletivo da nossa sociedade, talvez não seja mera coincidência.

sábado, 29 de março de 2008